Como funciona a sertralina?

“A sertralina atua como um “bloqueador de retorno (bloqueio do SERT)”: ela impede que muito da serotonina seja recolhida, então mais serotonina fica disponível entre os neurônios, facilitando a comunicação. Esta ação direta sobre o transportador de serotonina (SERT) é a base do seu efeito. Ela é frequentemente prescrita no tratamento da depressão, transtorno de ansiedade generalizada, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), transtorno do pânico e transtorno de estresse pós-traumático (TEPT).

Bloquear o “retorno” acontece rápido, mas os sintomas melhoram aos poucos porque o cérebro precisa reorganizar a sua rede de comunicação. Com o tempo (semanas), esse excesso relativo de serotonina desencadeia uma série de respostas em cascata: aumento de fatores protetores como o BDNF (um “fertilizante” que ajuda neurônios a criarem conexões), formação de novas sinapses/neurônios em regiões importantes (hipocampo) e ajuste nas redes de estresse/emoção. Essas mudanças de neuroplasticidade explicam a melhora clínica gradual e por isso pode demorar um pouco para ver o efeito dessa medicação.

Além do bloqueio do SERT e da neuroplasticidade, pesquisas mais recentes mostram que a sertralina pode:

  • Interagir com receptores como o sigma-1 e modular NMDA (correção fina na sinalização glutamatérgica), o que pode contribuir para efeitos sobre memória, ansiedade e plasticidade — e também explica algumas diferenças entre SSRIs.
  • Ter efeitos imunomoduladores/anti-inflamatórios: a sertralina parece alterar marcadores inflamatórios (citocinas) em alguns estudos, e essa modulação do sistema imune pode participar da melhora em pacientes onde inflamação está envolvida na depressão.

Importante lembrar que nem toda pessoa responde da mesma forma: fatores como genética, inflamação, história de vida e interações com outros medicamentos influenciam. Estudos de imagem mostram que a ocupação do transportador (SERT) e a dose têm relação com resposta e efeitos colaterais.

Como todo remédio, tem efeitos colaterais possíveis (náuseas, insônia ou sonolência, alterações sexuais, boca seca, sudorese, entre outros) — a maioria tende a diminuir com o tempo ou com ajuste de dose. Sempre converse com seu médico sobre efeitos incômodos. Estou aqui para ajudar!’’